quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MARCOS ALVES LOPES - O CACHORRO MALDITO

(Por Diego El Khouri)

Marcos Alves Lopes, o "Cachorro Maldito". Dono de uma fala tranquila porém ácida, esse poeta polêmico perambula pela grande Goiania lendo seus versos e divulgando sua arte sem nenhum tipo de receio. Seu primeiro livro,o " Gozo desmedido", está pra sair. Poderia fazer um ensaio sobre sua obra, mas ninguém é melhor do que ele mesmo para falar de sua poesia. Diz aí Marcos, solta o verbo:

No campo da poesia o que podemos destacar de Marcos Alves Lopes?
Que até agora houve muito gozo através da escrita. Alguns insistem em chamar esse gozo desmedido de poesia, outros preferem chamar de coisa qualquer, exceto poesia. Quanto ao destaque no campo poético, não tenho muito a contribuir, uma vez que a poesia é um efeito causado em mim mesmo, e, por simbiose(ou não!), nos leitores. Portanto, quem melhor pode dizer das contribuições de Marcos Alves Lopes são os próprios leitores, que estão sempre acompanhando as constantes oscilações da escrita. O que é possível dizer é que nessa escrita desmedida há um apreço grande pelades/forma; desforra a toda estagnação poética (se isso destaca, destaque isso).

Sua poesia despertou quando você passava um problema sério de saúde. Conte-nos essa experiência.
Na verdade, a poesia não começou depois de um problema de saúde, ao contrário, a úlcera duodenal serviu como material poético, assim como o sequestro sofrido aos quatorze anos. Associo a úlcera à composição artística, pois fiz da dor, esse vulcão escondido internamente, suporte à criação. Na concepção do poetador, o desprazer e o prazer estão na mesma carne da moela -  a criança sofre com a mesma intensidade que sorri. Nós, adultos, entretanto, vivemos submetidos à ideia de bem-estar e nem sequer podemos reservar alguns segundinhos de vida ao sofrimento. Não há dúvidas que são os ditames morais que nos aprisionam em formas que não se sustentam nem no mais tolo mortal. A úlcera aberta representou um objeto de gozo, o que possibilitou a criação artística - não é à toa que há vários poemas com essa temática. Nessas circunstâncias foi cunhado o termo “poetador”, isto é, o gozo a partir do desprazer. A poesia da dor talvez seja a face mais sublime da angústia! Não se trata de uma queixa, mas uma construção nova a partir do objeto “dor”,e que só pode se dar via linguagem. Assim, tanto o sequestro quanto a úlcera aberta formam um rico arsenal ao poeta, um rico arsenal que traz como estandarte a linguagem.

Um tema recorrente aparece em sua poesia, a merda. E, na sua arte,  ela se apresenta de duas formas. A merda maiúscula e a minúscula. Defina-nos essa diferença.
Há merda e MERDA. Diria que a melhor definição para essa merda toda está nos poemas criados. Vai ser lançado em outubro de 2011 um livreto, pelo projeto Letra Livre, chamado “Um atentado, quem sabe”. Nesse livreto (de vinte poemas), recrio as possibilidades de um atentado através do resto, isto é, da MERDA. Os restos de cada sujeito seriam uma maneira de reinvenção! Não sei conceituar com precisão a “merda”, embora ela sempre esteja presente. Todavia, prefiro ver no bagaço da laranja arremessado contra a parede esse resto que nos resta. Afinal, como diz Marcos Alves Lopes: “Do caos, só a MERDA restou!”.
Você acha possível viver só de arte?
É possível viver dos restos? No bagaço caído pode haver bem mais caldo do que na laranja virgem deixada no fruteiro. Ah, as virgens são tão desinteressantes!

Muito novo, você já era professor e inclusive enfrentou manifestações, greves etc. Você, que está inserido no meio da educação de uma forma ou de outra, como vê o ensino no país?

O apreço pelo resto é uma viagem sem volta! O poetador passa por situações muito parecidas com a do professor. Isso porque ambos estão em contato com os restos sociais. Essa talvez seja a sacada da metáfora da “merda”, já que todos fazem da merda algo a ser escondido. A educação não foge disso! Os exames (prova imbecil, melhor, prova Brasil) estão aí para maquiar os dados, talvez por isso haja preparatório para esses testes. Ser professor é enfrentar todos aqueles que tentam esconder o caos da educação; é acordar cansado e dormir morto, e mesmo assim procurar uma maneira de gozar! Uma pergunta possível seria: é possível viver da docência? Fazer greves, participar de manifestações é praticamente um dever a quem percebeu que mesmo diante do maior caos, a MERDA restará.


Você costuma dizer que dentro da escala evolutiva você é um cachorro. Por quê?
Os cães são mais interessantes que os mor(t)ais (entendam humanos). Isso porque os cães não escondem os instintos animalescos que os governam. Os seres ditos humanos criaram uma redoma e a chamaram de “humana”. A partir daí, as religiões, a família, o Estado, fizeram questão de fincar o estandarte da falta de tesão, crivando o ser por águas do “humano”. Mas há os imortais ou imorais (imor(t)ais) que, apesar do corpo humano, vivem sem camuflar o desejo. Os cães em forma de gente!...

Quase todo mês você promove um sarau de poesias na casa do escritor marxista Ney Gonçalves, na cidadechamada Santo Antônio de Goiás, um pequeno interior. Aideia é difundir a arte nas pequenas cidades ou simplesmente fugir um pouco da capital?

A ideia principal é reviver o tempo do útero canino. Ir a Santo Antônio de Goiás é encontrar com diversos cães que habitaram o recinto perdido. Contudo, fazer caridade é um tanto perigoso, então, esse papo de levar bobos ao sarau satisfaz somente aos cristãos. Vai quem tem sede de poesia! O convite é aberto e gratuito, mas puxar pelas mãos de quem há muito já as perdeu, soa como ironia humana.

Você fala sobre"o pau interior que a mulher tem dentro de si". Umas tem um enorme falo interno, outras, um pequeno. Explique-nos melhor essa teoria polêmica.

Para começar, não existe a mulher. O que há é a-mulher, e pronto! Cada uma possui uma forma distinta de compreender a existência, assim, seria estranho dizer “a mulher”. No lugar de usar o artigo definido “a”, prefiro fazer desse “a” um prefixo de negação. Mulher ou homem é uma questão de linguagem, uma questão de identificação que vem desde os primeiros anos de vida. Dessa forma, ninguém nasce homem ou mulher! Mas, sendo mais objetivo: entendo que cada mulher tem um poder intrínseco a ela. Quando é dito de um “falo interno”, digo sobre a possibilidade de cada uma ser uma nova mulher (esse poder intrínseco não é aleatório, ao contrário, é uma herança cultural que várias mulheres herdaram). A biologia corrobora com essa metáfora do falo interno, uma vez que as mulheres não possuem um canal vaginal do mesmo tamanho, assim como um homem se difere de outro, fisicamente, pelo tamanho do pé, das mãos, do falo. Penso que “Falo” seja uma palavra apropriada para dizer do poder da mulher, já que “falo” está diretamente ligado à linguagem, à fala. O maior poder de dominação feminina está na colonização via fala. Assim, muitas mulheres exercem o poder controlando o dizer do homem e da mulher (a força do homem pode ser a linguagem da mulher!). Indago: por que dizer “falo” incomoda tanto?

O que você diz das mulheres, principalmente as feministas da “turma da esquerda”, o chamarem de extremamente machista, tendo como base sua poesia?

M. Lopes costuma gozar desmedidamente dessa “turma de esquerda”. Antes de tudo, a esquerda é muito interessante, muito!Vou além: a esquerda de fato não me lê como problema; marxistas e anarquistas compreendem o que digo geralmente. Melhor, a esquerda que luta por uma sociedade sem Estado, que não faz parte de religião ou partidos políticos, geralmente compreende meus escritos. Entretanto, essa “turma de esquerda” que costuma me pintar de machista ou reacionário são pessoas (a maioria) integrantes de partidos de direita, como o PT,PCdo B  ou outras porcarias por aí, até mesmo porque no Brasil não há partidos de esquerda. Desprezo esses que veem nas eleições a saída cristã para as almas escarnecedoras. Ainda, essa turma partidária criticou bastante o politicamente correto, entretanto, foi criado o próprio arcabouço do policialmente esquerdo. É extremamente perigoso esse controle exacerbado da linguagem: dizer “pau” é considerado um discurso machista! Ah, poeta aprisionado ao discurso de casta? A turminha da salvação (inclua todos os partidos e religiões possíveis) cria novos vocabulários para o policialmente correto e, o pior, é que geralmente os poetas são policiados.  

No sarau de poesias ocorrido na Revirada Cultural, nesse ano (2011), em Goiânia,a poetisa Anna Alchuffi leu um texto de sua autoria chamado “Goiano pau no cu”, que causou diversas reações, como um tapa no rosto da moça e processo na justiça. O que achou dessa reação e qual sua opinião sobre o assunto?
Interessante! O que sai da monotonia é escasso, e traz reflexão! O fato de alguém ser agredido por um texto qualquer é algo a se pensar. Alguém que conhece o teor do que está escrito ir à frente e ler o texto (mesmo sabendo que estava em frente a um bar) também é interessante. Anna foi completamente corajosa de ler esse texto num espaço repleto de goianos. Agora, um fator interessante nessa coisa toda é que quem bateu nela não era goiano e, sim, paulista. Ou seja, o goiano continuou como diz o texto: [...]boa parte dos goianos estrutura os próprios argumentos pelas metades, todavia, não o faz perante público; estão sempre a analisar o discurso alheio (melhor, fofocando sobre o outro), jamais propagam livremente o que querem dizer. É por isso que normalmente comparece essa fala-de-canto, repleta de sorrisos tortos, deboches, chistes etc. Uma linguagem pau no cu! [...]
Esse texto foi muito mal interpretado. Primeiramente, quiseram acusar o autor de não ser goiano. Quanto a esse argumento é triste dizer que a condição pau no cu não está somente nos goianos, não! Definitivamente, nossa composição cultural nos impeliu a essa condição frustrante. Mineiros, goianos, cariocas etc. possuem menor ou maior possibilidade de ser pau no cu, mas dificilmente fogem dessa realidade. Melhor seria se lessem o texto e tirassem as próprias conclusões: http://marcosalveslopes.blogspot.com/2011/08/pau-no-cu-goiano.html


O poema “Pai Nosso”, que sempre abre os saraus de poesia no Centro Cultural Goiana Ouro e que virou símbolo do selo independente Letra Livre, foi parar nos ônibus. Um sarau promovido pelo produtor cultural Kaio Bruno dentro do eixão. Qual a reação dos passageiros  ao ouvirem  o poema, levando em conta que o ônibus é um dos lugares mais cristãos da sociedade?
Pai nosso que estais terra
Profanado seja vosso nome
vem a nós, nosso reino
Seja feita nossa vontade
Na terra ou em qualquer lugar

Os desejos de volúpia nos dai hoje
Perdoai nossas crenças
Assim como fingimos acreditar em vós
Deixai-nos em plena tentação
Mas tirai-nos da mente a tola ideia do inferno
Amém

Enquanto houver a insistência fanática do cristianismo, haverá o Pai Nosso! É difícil falar sério de poesia com alguém que quer salvar o outro...  Salvação é o dejeto de cada um, ou seja, é deixar a condição canina comparecer sem medo. Desde quando comecei a participar do sarau Letra Livre, organizado pelo amigo Kaio Bruno, venho insistindo em dar uma conotação pagã ao evento, talvez assim, outros se sintam mais acolhidos naquele lugar. Declamar o “pai nosso” no ônibus mais lotado de Goiânia (Eixo Anhanguera) é possibilitar uma reflexão sobre o assunto pouco mencionado, religião. O que muito incomoda é dizerem que “religião e futebol não se discutem!”. Mera tolice de mor(t)ais! A recepção dos passageiros foi surpreendente, apesar das caras e falas tortas, somente uma senhora quis me bater até hoje. Todos conseguiram me ouvir! O que deve ser interessante é a produção estabelecida a partir dali... Como deve ser o processo depois que o grupo sai do ônibus.

Devido o advento da internet você chegou afazerpoemas em parceria com escritores de fora, como a poetisa Cacau Cruz. A Interneté sim a grande revolução desse século? O livro impresso deixará de existir?

Nesse momento pós-pau duro, tem lugar para tudo, até para o livro. 
As parcerias com pessoas de outros estados são importantes, pois possibilitam a onipresença do poeta. Além disso, várias novas ciências de bar são introduzidas ao fazer poético a partir dessas conversas com Cacau Cruz, Alexandre Mendes etc.

Você é um libertino ou a sociedade que se tornou muito moralista?

Pergunta redundante!

Seu livro de cabeceira.
Gozo desmedido.

A visão que tem de Deus.

É melhor rezar o Pai nosso!

O amor:
Amor de um é a masturbação de vários!
.
O tesão:
Vem sempre subsequente
não se satisfaz completamente
ou
Bole
bole
que bolina
a mais santa das meninas

Pra encerrar, fale-nos sobre seu primeiro livro, o “Gozo desmedido” e de seus novos projetos.

É preciso ler o livro e, quem sabe, gozar desmedidamente! Quanto aos projetos, há parcerias boas com alguns poetas, além disso, a participação do projeto “Literatura no Eixo” vem propiciando uma nova forma de ouvir as demandas dos sujeitos contemporâneos. Estar nesses projetos é aproximar Marcos Alves Lopes de mim.



segunda-feira, 26 de setembro de 2011

NOVA ENTREVISTA

Fui entrevistado pelo Paulo Resende para um site do Rio de Janeiro chamado CROWD.NET.BR que  é um site de conteúdo relacionado a ações coletivas de toda natureza. Aí está o link:


http://crowd.net.br/?p=122

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MANIFESTO CULTURAL

''Censura, a droga mais suja e pesada da direita moralista''
CHEGA DE FALSO MORALISMO NA ARTE!!


 O Manifesto Cultural é um projeto realizado por artistas goianos exaustos da mesmice que ronda por aqui.
 É a união de artistas plasticos, fotógrafos, musicos, poetas, atores e o público goiano!


Dia 24 de setembro das 18:00 até as 23:30

Centro Cultural da UGES, Rua 82 ,casa 57,Centro- Próximo a praça cívica (ápos a Pamonharia da Vovó)

---Venda de cerveja /refrigerante/dose e caldo no local.---


Músicos :
-Cris Couto ( acústico)
-Nextor e Seus Mamilos
-Canela Solta do Cerrado
-Puro Álcool
-Saiagyn

( PALCO ABERTO)

DJs:-Naya Fidelis
-Mario Cavalcante
-Dj Gummy

Artistas Plásticos:-Mário Cavalcante
-Vinicius Figueiredo
-Andre Seltz
-Diego El Khouri
-Ivan Silva ( cartoons)
-Paul Cezar (SP)

Poetas :
-Diego El Khouri
-Ivan Silva
-Anna Alchuffi
(palco aberto para quem quiser)
-Homenagem a Ana Cristina Cesar

Fotógrafos : -COMITIVA ARTE 1 REAL- A ALMA DA NOITE
-Vander Bueno

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A POESIA DE THINA CURTIS

Pra quem não conhece o trabalho da grande zineira Thina Curtis deixo uma pequena porção de seus versos delirantes:

MULHER



Rastejando pelo chão
sente em sua pele o frio, o medo, a dor, o ódio, o rancor
O vazio, a depressão
Impostos pela vida e sociedade
Banida, excluída, desprezada, humilhada
Machucada, com cicatrizes e feridas abertas(e expostas)
Busca forças para lutar
Em sua lama guerreira, felina e nobre
Prostituta, costureira, professora, médica, operária, faxineira
Rica ou pobre
Mulher que chora e não se envergonha e se preserva
Mãe,madrasta, tia, avó, amiga, amante-Mulher!
chama que inflama no teu peito 
objetiva, prática, sensual, voraz e intensa
Que na paz ou na guerra- batalha
artista, intuitiva, visionaria que acredita, busca e luta
Menina-mulher, humana natureza
Poesia e alquimia fundem em seu interior
Mãos de aço que dão afeto,que acalentam
Mulher que clama por respeito, dignidade e justiça
que é apedrejada, que chora e sofre em silêncio
E segue em frente
Que ama em abstinência
Que morre doente e  vela pelos entes ausentes
que é violentada e encarcerada como animal
E indigente, é jogada fora
Que é feliz simplesmente por existir
Sua luz é maior que qualquer estrela
Mulher - estrela guia, um botão de rosa no imenso jardim
Mulher que sangra e fecunda no seu ventre
Gerando vidas, enlouquece na TPM e na menopausa
Ama a todos e esquece de si mesma
E, mesmo assim, é limitada, crucificada
 É esquecida ou trocada
O lado melhor de Adão
Essência das divindades
Deusa ou guerreira
Mulher-Razão e Sensibilidade
Musa inspiradora
Extase e prazer no seu olhar profundo
Mulher, que dança, canta e encanta- frenezi!
Paixão é sua forma concreta, sua dádiva
Independente do credo
Da raça
Opção do sexo
Mulher!
Simplesmente e plenamente
Mulher!

ECOS
A beleza natural das coisas
vai se modificando e se tornando apagada e desnecessária
Enquanto o corpo vaga entre lamurias sombras e silêncio
A alma inflama esperanças e cores celestes
Entre sonhos, mitos distantes e improvaveis
que mantém acesas e vivas o pulsar de um coração
sem razões sem destinos
sem materialismos e concretizações
Só instintos que de olhos fechados
Sem direção certa
Vagueia, tateia, sente
Machuca, foge e busca
insiste em viver
mesmo que
Suas manhãs sejam de reflexões
As tardes de Ilusão
E as noites de Solidão...
ICE
Tenho estado estranha
por estes dias difíceis e frios
me pego chorando
lágrimas pelas perdas e desencantos
me pego chorando
por coisas fúteis
e por aquelas que nunca vão acontecer
me ponho a caminhar solitária e deturpada
pelas noites gélidas e inconstantes
pelas ruas escuras e nebulosas ouço as vozes do silêncio
ecoando em minha mente, alimentando o frio
o vazio e a solidão
invade o meu corpo insano
que caminha sem cessar
sem rumo, com minhas preces(rogadas)
sigo o meu destino assim, estranha e sozinha
no escuro, congelo, iberno
"por entre sombras"
ninguém mais espera por mim.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

POEMA

O poeta Marcos Henrique do Recife colocou em seu blog um poema de minha autoria. Poema que sairá no meu livreto Máquinas e Máscaras cujo lançamento será nesse sábado (24/09/2011) na Fanzinada na Casa das Artes. Evento que contará com a presença da zineira Thina Curtis (primeira pessoa a fazer um Fanzinada no Brasil) e o grande poeta Chacal.

http://poemasdecaverna.blogspot.com/2011/09/diego.html

sábado, 17 de setembro de 2011

QUANDO TUDO FOR DOR


(Por Marcos Henrique)

Quando a dor parecer mais puras, vou encontrar o arco-íris em tons de cinza que sempre busquei e nunca pude tocar;

Quando a dor parecer mais pura, serei todo seu acaso. Todo seu, de coração e lagrimas;

Quando a dor parecer mais pura, mais terna, quero leite morno e torradas de alho;

Quando a dor parecer mais pura, meu rosto desfigurado será visto por todos e me servirá de orgulho, um orgulho heróico;

Quando a dor parecer mais pura, de nada mais me servira à maturidade;

Vou ter que lutar pela dor que teima em querer me abandonar, pois preciso de meus medos e demônios para ser um homem completo.

Quando a dor se for, serei só. Todo solidão, um drogado em abstinência, um eu sozinho, bandeira sem haste;

Quando a dor se for, não terei mais motivos para ser um ser vivo, pois de que adianta ter dentes e não se ter carne para mastigar e regurgitar;

Quando a dor se for e o paraíso vier, não terei para aonde ir, não terei para quem viver mais, pois todos os contos de fadas não me serviram mais de nada.
Quando tudo se for, só me restará à ironia de ter visto o quão pequenino, perdido e vão eu sou.

Obrigado a mamãe, papai e a todos os seres do invisível que me cercam. Até os que me sufocam.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

SOMENTE

(Por Diego El Khouri)

Olhos de percepção floral
caminho dentro da noite
no espelho de mil fantasias
onde o peito baleado
é retrato passado
de um olho imaculado.

Caminhas dentro
do dorso do meu pensamento
enquanto as paredes se fecham
apertando meus ombros
e minha melancolia crescendo
que se esvai em sangue
resplandecendo  no céu
de infinitos cânticos
secando meu pranto.

A bala há seis anos alojada na alma
nas engrenagens, nas máquinas
nos tubos e nas válvulas
roendo a garganta
que antes sussurrava poesia
hoje só busca  alegria.

Aqui, , bêbado e pelado
a fumaça chicoteando minha alma
suja cheia de feridas fatiadas
um anjo chulo e drogado
triturado na profecia sem graça
perdida enfileirada no meio do Nada
que sobrevive a sala.

Resquícios subalternos da noite que não cala
sou todo essa vala
sonhos submersos na agonia não falada
aberta como um câncer que não fala
-- só se cala --
perante a noite que sorri dentro de minha casa.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

DENTRO DE TI

(Por Diego EL Khouri)

Fazes de meu corpo casulo.
Teu ventre minha coberta.
Pele branca, nudez pronta.
As línguas se lambuzando.

Depois tuas pernas no meu ombro.
Com os seios vai beijando.
É linda a madrugada de setembro.
Nossos corpos se encaixando.

Sorris um sorriso parecido com pranto.
Pranteia a lua, a tarde vai se pondo.
Somos dois amantes à deriva.
Nossos quadris se entrelaçando.

Com um leve toque de mãos
tomba a noite (a noite) e o dia insano.
Fazes de mim objeto estranho.
Dentro de ti eu vou entrando.

Finda a existência.
Eu morri e bem sei que também morrestes.
És de uma beleza sem precedentes.
Tu vais se lambuzando no meu leite.

Boca e língua, pele e pelo, pelo e pele.
A nossa cama está repleta.
Estrelas, vozes e desejos.
És linda, lasciva... Ah, és perfeita!

Mordes no pescoço, solto os braços.
Te aperto contra o ventre.
Continua os movimentos continuos.
Essa é a nossa ginástica, essa é a nossa agonia.

Tu agora de bruços.
Bunda pra cima, boca pra baixo.
Com um apelo super apaixonado
vou devassando teu íntimo.

Nã há mais vozes e sutilezas.
 Deitada na cama, tu és uma princesa.
Tuas pernas trêmulas, voz rouca.
Roubamos o infinito para nossa surpresa.

* * *

Meu corpo deixou de ser casulo.
Teu ventre não é mais coberta.
Volto para casa pálido e sozinho.
És linda, porém a noite é mais bela.
 
Maio, 2009

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

AO POETA INTERIOR

(Por Diego EL Khouri)

Ao poeta que angustia o altar da dor
tonto e enegrecido de nostalgia.
Aos olhos mudos mergulhados no mar.
Ao grito revestido de tristeza e alegria.

É isso que trago em minha poesia.
Um Nada imenso perdido no caminho.
Mistérios de angústia e amor
aos abraços enlouquecidos de carinho.

É isso que arranco da poesia.
Mil versos emocionados e sem sentido.
Um barco naufragado no Vazio.

É isso que quero com minha poesia:
expulsar da minha alma toda minha vida
e roubar do acaso a sorte um dia.

domingo, 11 de setembro de 2011

COMEÇA ASSIM

(Por Diego El Khouri)

O poema tem que estar a mão
como se o punho fosse as musas
e o falo toda imensidão
o poema também pode ser cabisbaixo
jorrando o líquido do fracasso
que tem suas várias gradações
o poema pode ser luz
ser lindas borboletinhas nuas voando
com seus cús em levitação
o poema pode extrapolar as ordens
usar calça comprida e mesmo assim
cuspir na roda
o poeta muitas vezes se encontra alheio a moda
mesmo tendo tendências suicidas
de bosta
mesmo nas plagas pragmáticas da existência
cabe sim  um poema
uma pitadinha sodomita de ilusão
(o pedaço do ódio que tenho por Platão)
o poema sempre como uma música
um bailado fresco cheirando florzinhas
cheio de bilú bilú tetéia e biquinhos
um passarinho que pousa no ninho
os carros que passam devagarzinho
rebolando suas capotas no limbo
mas depois de muita insistência
do falo que cresce e das estranham que urgem
o poema cresce e cresce e mete
no âmago da vida sua excitação, seu tesão, sua vida
pregadas nas paredes criminosas do pecado
como uma jóia nos apontam caralhos
tragando para dentro de si um balde de Merda
aquela Merda maiúscula que Marcos nos fala
aquele sonho profético que os anjos cagam.

sábado, 10 de setembro de 2011

O "NAM MIO RRORENGUE KIO"

É um navio para atravessar o mar do sofrimento
( Shiiji Shiro Dono Gosho- Páginas 1448 a 1449)

Quando perguntei a ele sobre e o que o senhor havia me dito outro dia, constatei ser exatamente como disse. O senhor, portanto, deve esforçar-se na fé, mais do que nunca, para receber os benefícios do Sutra de Lótus.

Escute com os ouvidos de Shih K'uang (1) e observe com os olhos de Li Lou (2). nos Últimos Dias da Lei, (3) o devoto do Sutra de Lótus(4) surgirá infalivelmente. Quanto maiores sofrimentos lhe sobrevêm, maior a alegria que ele sente, devido à sua forte fé. O fogo não queima mais vivamente quando se adiciona lenha? Todos os rios fluem para o mar. Entretanto, a sua abundância faz com que os rios retrocedam? As correntezas do sofrimento desaguam no mar do Sutra de Lótus e precipitam-se contra o seu devoto. O rio não é rejeitado pelo oceano, nem o devoto recusa o sofrimento. Se não houvesse os rios fluentes não haveria mar. Do mesmo modo , sem adversidades não haveria devoto do Sutra de Lótus. Como Tient'ai(5) afirmou: "Todos os rios fluem para o mar, e lenha faz o fogo estrepitar".

Deve perceber que é por causa de uma profunda relação cármica do passado que o senhor pode ensinar aos outros mesmo uma única sentença ou frase do Sutra de Lótus. O Sutra diz: "É extremamente difícil salvar aqueles que são surdos à Verdadeira Lei". A "Verdadeira Lei" indica o Sutra de Lótus.

Uma passagem do capítulo Hosshi afirma: "Se há alguém, seja homem ou mulher , que secretamente ensine uma única frase do Sutra de Lótus, saiba que é o enviado do Buda". Isto significa que qualquer um que ensine a outras pessoas mesmo uma única frase do Sutra de Lótus é claramente o enviado do Buda, seja ele sacerdote ou freira, leigo ou leiga. O senhor é o praticante leigo e uma das pessoas descritas no Sutra.

Aquele que ouve mesmo uma sentença ou frase do Sutra de Lótus e a alimenta no fundo do coração pode ser comparado a um navio que navega o mar do sofrimento. O Grande Mestre Miao-lo(6) declarou: "Mesmo uma única frase nutrida no fundo do coração infalivelmente o ajudará a alcançar a margem oposta. Ponderar sobre uma frase e praticá-la é exercer a navegação..."

Uma passagem do Sutra de Lótus diz: .como se a pessoa tivesse encontrado um navio para fazer a travessia." Esse "navio" poderia ser descrito da seguinte forma: O lorde Buda, um construtor de navios de sabedoria infinitamente profunda, coletou a madeira dos quatro sabores(7) e oito ensinos(8), projetou -o descartando honestamente os ensinos provisórios, cortou e mostrou os bordos, usando tanto o certo como o errado, e completou a embarcação usando os pregos do ensino único, supremo. Deste modo , ele lançou o navio ao mar do sofrimento. Largando as velas das três mil condições sobre o mastro da doutrina do Caminho Médio, (9)

impelido pelo favorável vento de "todos os fenômenos revelam a verdadeira entidade," a embarcação navega à frente, transportando todos os praticantes que conseguem penetrar no estado de Buda através da sua pura fé. O Buda Sakyamuni (10) e o timoneiro, o Buda Taho(11) maneja as velas , e os Quatro Bodhisattvas(12) liderados por Jogyo movem harmoniosamente os remos regentes. Esse é o navio de " um navio para fazer a travessia", a embarcação do Myoho-rengue-kyo. Aqueles a bordo dele são os discípulos e seguidores de Nitiren. Acredite nisso sinceramente. Quando visitar Shijo Kingo ,(13) por favor, converse seriamente com ele. Eu lhe escreverei novamente.

Com o meu profundo respeito

Nitiren
Em 28 de abril





Fundo de Cena

Nitiren Daishonin escreveu esta carta para Shiiji Shiro, um samurai que vivia em Kamakura. Pouco se sabe a seu respeito. A parte conclusiva deste gosho e referências feitas sobre ele na carta escrita para Shijo Kingo e Toki Jonin em 1280 e 1281, respectivamente, sugerem que ele era íntimo desses dois praticantes. De acordo com os registros de Nikko Shonin, Shiiji Shiro participou no cortejo fúnebre de Nitiren Daishonin. A partir daí, supõe-se que tenha sido um praticante devotado, que mantinha ligação estreita com Daishonin, especialmente nos seus últimos anos de vida. A detalhada metáfora do ‘navio para fazer uma travessia’ faz-nos imaginar se ele não estaria engajado num serviço relacionado com a construção de navios ou engenharia, embora nenhuma informação sobre esse ponto seja disponível.

O manuscrito original não existe mais e algumas ambiguidades cercam a data de sua escritura. Tradicionalmente, afirma-se que Daishonin a tenha escrito em 28 de abril de 1261, aos 40 anos de idade, cerca de duas semanas antes de ser enviado ao exílio na Península de Izu. Contudo, um outro ponto de vista defende que tenha sido composta bem mais tarde. Referências como as encontradas nesta carta ao devoto do Sutra de Lótus encontrando ‘grandes sofrimentos’ raramente aparecem nas escrituras de Nitiren Daishonin anteriores à Perseguição de Tatsunokuti e exílio a Ilha de Sado. Além disso, o teor do incentivo de Daishonin, expresso no final do gosho: "Quando visitar Shijo Kingo, por favor, converse seriamente com ele" – sugere que Daishonin estivesse morando em algum lugar distante de Kamakura. Com base nessas observações, algumas pessoa supõem que este gosho tenha sido escrito após Daishonin ter se retirado para o Monte Minobu, talvez até no ano de 1281. Entretanto, nenhuma conclusão definitiva foi alcançada.

As circunstâncias imediatas envolvendo o exílio a Izu em 1261 podem ser retrocedidas ao verão precedente, quando Nitiren Daishonin submeteu o seu famoso tratado ‘Risho Ankoku Ron’ (A Pacificação da Terra através do Estabelecimento do Ensino Correto) ao imperado aposentado, Hojo Tokiyori, em 16 de julho de 1260. Os praticantes da Nembutsu de altas posições governamentais enfureceram-se com suas críticas à seita da Terra Pura em seu tratado, e em 27 de agosto de 1260, uma multidão atacou sua residência em Matsubagayatsu, em Kamakura. Daishonin escapou por pouco e obteve abrigo durante algum tempo com seu discípulo Toki Jonin, que morava na província vizinha, Shimousa. Quando ele retornou a Kamakura na primavera de 1261 e retomou seus esforços na propagação, foi preso e sentenciado, sem julgamento ou investigação, a ser exilado a Ito, na península de Izu.

Se Nitiren Daishonin realmente escreveu este gosho em 1261, podemos pressupor que ele possivelmente tenha recebido alguma admoestação antecipada de sua expulsão eminente e estava incentivando seus discípulos a resistirem, mesmo no caso de perseguição. Por outro lado, se ele o escreveu no final de sua vida, então ao falar sobre tribulações, ele provavelmente estaria recordando-se da perseguição de Tatsunokuti e os sofrimentos do exílio na ilha de Sado (1271-1274). De qualquer modo, este gosho prova seu espírito invencível em face das adversidades, e a sua voluntariedade para enfrentar perseguições em prol da Verdadeira Lei – uma atitude que ele manteve durante toda a sua vida.

Na primeira parte deste Gosho, Daishonin explana que o devoto do Sutra de Lótus nos Últimos Dias da Lei infalivelmente encontrará sofrimentos. No entanto, longe de serem motivos para lamentar, esses sofrimentos capacitam-no a cumprir o seu grande propósito. Ele explana que aquele que espontaneamente suporta essas dificuldades em prol da Verdadeira Lei seguramente experimentará a grande alegria de atingir o Estado de Buda.

Daishonin também aponta quão difícil e, ao mesmo tempo, quão nobre é propagar a Lei nos Últimos Dias da Lei, quando as pessoas não ouvirão prontamente. Ele afirma que acalentar e praticar mesmo uma única frase do Sutra de Lótus levará uma pessoa à iluminação. Na parte final do gosho, utilizando a metáfora do "navio para fazer uma travessia", do vigésimo oitavo capítulo do Sutra de Lótus, ele declara que o Nam-myoho-rengue-kyo das Três Grandes Leis Secretas é o ‘navio’ que seguramente transportará todos os praticantes, sobre o grande oceano do nascimento e morte, à praia da iluminação suprema.

COMPLEMENTOS:

Shih k'uang: Um músico da corte da dinastia Chou, que serviu ao Duque P'ing de Chin. Ele foi famoso pelo seu extraordinariamente agudo senso de afirmação. De acordo com o Lu-Shih_Ch'um-Chíu, somente ele, dentre um grupo de músicos ilustres foi capaz de discernir que um sino que o duque havia mandado fundir não estava no tom perfeito.

Li Lou: Um personagem lendário da época do Imperador Amarelo. Célebre por sua visão excepcionalmente aguçada, afirma-se que era capaz de distinguir a ponta de um cabelo a centena de passos.

Últimos Dias da Lei: O período que, segundo se descreve, começou dois mil anos após a morte de Sakyamuni, quando as pessoas não podem mais atingir a iluminação através de seus ensinos. Nesta época, o Buda Original faz o seu advento para conduzir as pessoas à iluminação. Os budistas do tempo de Nitiren Daishonin geralmente acreditavam que os Últimos Dias da Lei haviam iniciado no ano de 1052. Tradicionalmente, afirma-se que este período irá durar "dez mil anos e mais, toda a eternidade".

Devoto do Sutra de Lótus: Aquele que propaga o Sutra de Lótus e pratica o budismo de perfeito acordo com seus ensinos. Nos Últimos dias da Lei, o tempo refere-se especialmente a Nitiren Daishonin, que ensinou a essência do Sutra de Lótus, a Lei do Nam-myoho-rengue-kyo, e cumpriu as profecias do Sutra. Numa acepção mais generalizada, indica os discípulos de Nitiren Daishonin que abraçam o nam-myoho-rengue-kyo e devotam-se a sua propagação. No sentido específico, "devoto do Sutra de Lótus"é um outro nome para o Buda Original do tempo sem começo, que surge nos Últimos Dias da Lei.

Tient'ai (538-597) : Também chamado Chih'i. O fundador da escola Tient'ai na China. Ele classificou a totalidade do corpo de sutras budistas de acordo com sua provável ordem, conteúdo e métodos de propagação, demonstrando que o Sutra de Lótus é o mais importante de todos eles. Suas explanações sobre o Sutra de Lótus posteriormente foram compiladas em três grandes obras: Hokke Guengui ( significado profundo do Sutra de Lótus), Hokke Mongu ( palavras e frases do Sutra de Lótus), e Maka Shikan( Grande concentração e discernimento). O Maka Shikan apresenta a profunda doutrina de Itinen Sanzen ( um único momento da vida contém três mil mundos), elucidando a possessão mútua da verdade última e todos os fenômenos.

Miao-lo (711-782) : Também chamado Chan-jan. Sexto patriarca da escola Tient'ai na China, considerado como um restaurador da escola. Ele escreveu detalhados comentários sobre as três principais obras de Tient'ai, contribuindo, assim, para a sistematização teórica de seus ensinos. Os comentários mais importantes de Miao-lo são o Hokke Guengui Shakusen, O Hokke Mongu Ki e o Makka Shikan Bugyoden Guketsu.

Quatro sabores: Os quatro primeiros dos cinco sabores- leite fresco, nata, coalhada, manteiga e gir (a manteiga purificada mais excelente, suposta possuir propriedades medicinais). Tient'ai utilizava esses cinco sabores como uma metáfora para os cinco períodos que nos quais ele dividiu os ensinos de Sakyamuni, ou seja, os períodos Kegon, Agon, Hodo,Hannya e Hokke-Nehan. Deste modo, ele comparou o processo através do qual o Buda Sakyamuni instruiu os seus discípulos e, gradualmente, desenvolveu a compreensão deles sobre o processo pelo qual o leite é transformado no gir. Os quatro primeiros sabores correspondem aos ensinos pré- Sutra de Lótus, enquanto o gir representa o próprio Sutra de Lótus.

Oito ensinos: Uma outra classificação do corpo de ensinos de Sakyamuni empregada pela seita Tient'ai. Consiste de duas subclassificações: os quatro ensinos de doutrina, uma classificação pelo conteúdo, e os quatro ensinos de método, uma no tripitaka (zogyo), correspondendo geralmente ao Hinayana que enfatiza o rompimento dos desejos mundanos, para se escapar do ciclo de renascimento; (2) o ensino de ligação de (tsugyo) que introduziu o conceito Mahayana de não substancialidade e Kuu; (3) o ensino perfeito (engyo) ou Mahayana verdadeiro, que revela a identidade última do Buda e todos os seres vivos. Os quatro métodos de ensino são: (1) o ensino súbito (tonkyo), ou os ensinos que o Buda expôs diretamente, a partir de sua própria iluminação, sem dar aos seus discípulos qualquer instrução preparatória; (2) o ensino gradual (zenkyo), que o Buda expôs em estágios progressivos para elevar gradualmente a compreensão de seus discípulos; (3) o ensino secreto(himitsukyo), ou os ensinos que o Buda planejou pregar para que cada um de seus ouvintes se beneficiasse com eles diferentemente, de acordo com sua respectiva capacidade, sem estar ciente disto; (4) o ensino indeterminado (fujokyo),através do qual cada um de seus ouvintes, conscientemente, recebiam um benefício diferente. Os quatro ensinos de doutrina são, algumas vezes, comparados aos quatro tipos de remédios, e os quatro ensinos de método às maneiras como esse remédio é prescrito e ministrado. No texto deste Gosho, "oito ensinos" indicam todos os sutras provisórios. O Sutra de Lótus era tradicionalmente conhecido na escola Tient'ai como "o ensino que transcende todas as oito categorias".

Caminho Médio: A Lei Mística ou realidade última de todas as coisas que está além de todos os conceitos unilaterais. Em termos das três verdades, a verdade do Caminho Médio transcende as verdades da não substancialidade e existência temporária embora manifeste em ambas. Nitiren Daishonin expressa o" Caminho Médio" como o Nam-myoho-rengue-kyo. Em contraste com as "velas das três mil condições"(sanzen) no texto do Gosho, "o mastro da doutrina do Caminho Médio" corresponde ao momento único da vida (Itinen ).

Buda Sakyamuni: O fundador histórico do budismo que viveu há mais de dois mil anos na Índia. Neste contexto, "sakyamuni"indica o Buda que propagou o Sutra de Lótus e sentou-se ao lado do Buda Taho na Torre do Tesouro>

Buda Taho: Um Buda que apareceu na assembléia do Sutra de Lótus sentado numa magnífica Torre do Tesouro que se elevava da terra. Segundo o capítulo Hoto (11º) do sutra, o Buda Taho vivia no mundo do Tesouro da Pureza na parte leste do Universo. Quando ainda se empenhava na prática de bodhisattva, ele prometeu que mesmo após Ter entrado no nirvana, surgiria na Torre do Tesouro, e atestaria a veracidade do Sutra de Lótus onde quer que qualquer um pudesse pregá-lo. Após reunir todos os Budas de todo Universo, Sakyamuni abre a Torre do Tesouro, e a convite de Taho, senta-se ao lado deste Buda. Sentados juntos na Torre do Tesouro, Taho representa a realidade objetiva da verdade última, e Sakyamuni, a sabedoria subjetiva para perceber esta verdade.

Quatro Bodhisattvas: Jogyo, Muhengyo, Jyogyo e Anryugyo. Os quatro líderes dos Bodhisattvas da Terra descritos no capítulo Yujutsu(15º) do Sutra de Lótus. No capítulo Jinriki (21º), como líder supremo desses bodhisattvas, o bodhisattva Jogyo recebe o mandato do Buda para propagar o Sutra de Lótus nos Últimos Dias da Lei.

Shijo Kingo: Um samurai e médico habilidoso que vivia em Kamakura. Acredita-se que tenha se convertido aos ensinos de Nitiren Daishonin por volta de1256. Um dos mais dedicados entre todos os seguidores de Nitiren Daishonin. Ele manteve a fé solidamente durante toda a tumultuada carreira e atuou como figura central para os praticantes em Kamakura.

RETIRADO DAS ESCRITURAS DE NITIREN DAISHONIN - VOLUME 3 - Páginas 257 à 263.
EDITORA BRASIL SEIKYO LTDA.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

domingo, 4 de setembro de 2011

POESIA

(Por Anna  Alchuffi)



 A medida exata da poesia
 Parece que é psicografia 

 É  a dor que machuca e irrita
 E me deixa a pensar
 E as coisas modelar
 Não sei o que bate e rebate lá dentro
 É  a inspiração que vem apenas na respiração
 No balançar das folhas daquela bela árvore 
 Que um dia me lembrou as curvas de uma bela mulher.

 Que o vento sopre a seu favor
 Que bons ventos o trazem aqui?
 Navegar é preciso
 Deseje bons ventos
 Para trazer bons tempos
 Como na America o vento trouxe o colonizador
 E seus sonhos de explorador

 A medida exata da poesia
 É a música que me contagia
 É meu amigo
 É meu corpo e minha energia!