domingo, 25 de março de 2012

LÍNGUA RICA OU CONFUSA?

(Por Fabio da Silva Barbosa)

Certas coisas não entram em minha rude cabeça. Por exemplo: se o ch tem o mesmo som do x, qual a necessidade do ch? Questiono o ch por terem unido duas letras para fazer o som de uma que já existe. Eu sei que muitos irão falar sobre a origem da palavra e toda essa história, que embora seja muito interessante para estudiosos do assunto, não serve muito para os que usam a língua em sua real finalidade, a comunicação. O fato é que sou um grande oxigenador. Sou a favor das mudanças. Mudar sempre. Só o que está morto não precisa de oxigênio e mesmo assim muda. De um jeito ou de outro muda. Apodrece. Muda a forma, a consistência, o cheiro... É a mudança que resta aos que se mantêm firmes às velhas normas: o apodrecimento e o mofo. Cérebros engessados não produzem, apenas repetem o que já foi dito, tocado e feito.
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O falar serve como um meio de comunicação assim como o escrever. Não é mais que isso. É apenas uma forma de se comunicar. E a língua muda como muda o povo que a usa. Ela tem de atender a necessidade do povo, em vez do povo atender a suas necessidades.
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Para não acharem, os simplistas, que apenas abolindo o ch se resolverá a questão, vou citar também o caso do s. De uma forma geral, s faz som de z e ss, som de ç. Preciso continuar o raciocínio? Preciso ainda falar que, na prática, essas regras têm exceção? Que, por vezes, o s faz outro som? E de que serve isso? Isso é riqueza da língua? Preciso perguntar a utilidade de uma letra que faz som de outra? Preciso chegar ao cúmulo de passar pelo h antes de uma palavra como o nome Hugo? Há países em que isso faz uma grande diferença. Mas vamos falar de Brasil. Qual a diferença de Ugo e Hugo? A não ser o h, é claro. E o g com som de j, ou vice versa? Poderia ficar o dia inteiro na frente do PC desfiando as banalidades lingüísticas que nos são impostas, mas acho (ou axo, tanto faz) que já consegui passar a idéia geral da coisa. A história ou etimologia da palavra não é camisa de força para prender um povo a um sistema confuso de signos que perde o foco de sua real função. Dizer que ia ser complicado mudar tudo agora seria uma grande besteira. Não seria dificuldade nenhuma uma pessoa, independente da idade, ser informada de que a partir de agora apenas o x fará som de x. Olha que coisa "difícil" de explicar. A internet trouxe mudanças muito mais complexas ao cotidiano da escrita, e todos absorveram muito mais rápido do que essa linguagem empolada que nos empurram goela a baixo desde a alfabetização, sem conseguir nunca que nós fiquemos confortáveis ao usá-la. Somos sempre vítimas dela, que nos assalta com dúvidas criadas por suas regras arbitrárias. Engraçado que nunca vi aula de MSN para ensinar que vc significa você, ou qualquer outra coisa do tipo. A coisa flui naturalmente quando é agradável ao usuário. Assim como o k, w e y foram retirados do nosso abecedário, a coisa tem de continuar caminhando. O desengorduramento lígüistico tem de persistir. Nunca vai estar bom o suficiente ao ponto de não precisar mudar mais. A perfeição é utópica.
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Ainda bem que existem as gírias para nos salvar dessa estagnação que tanto agrada a alguns senhores do saber. A gíria é o enriquecimento da língua. Isso sim é riqueza. O povo criando e transformando o que é seu. Dia após dia. Palavra por palavra. Mudando conceitos sem nenhum tipo de preparação ou aviso, nem por isso deixando de compreender o significado da palavra assim que é dita. É por isso que o teórico fica tão aborrecido com essas mudanças. Porque ele fica de fora. Não é consultado. Quando sabe... já foi. Aí só resta desfiar seu conhecimento ultrapassado, com cheiro azedo, tentando provar que tudo que escapa ao seu controle é blasfêmia.
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VIVA A LITERATURA MARGINAL!
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VIVA AS TRANSGRESSÕES LIGÜISTICAS!
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VIVA O VIVO!

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