quinta-feira, 13 de setembro de 2012

SILÊNCIO I

(Por Diego El Khouri)

              

              


largos suspiros
na fronte desguarnecida de febre e cimento
 olhos vivos perante a noite que se cala
vontade do silêncio se apoderar desse corpo cansado
silêncio esse, canto da inócua madruda
que vive dos cacos  escarlates do barulho sujo dos carros,
da vizinhança que grita, de quem xinga, fala, esperneia, berra, esbraveja, deseja, maltrata, fala


e se cala
                                               se cala

                 se cala

         se cala...
              
                             e CALA-SE!

desses seres de barro submergido no inevitável me calo
(amargo)
pra quem, vagabundo assumido, me pinto  cinismo
olho
insisto
 visto
despudor. clarinete em fogo entre pernas
submersas  línguas tétricas
de merda
airosa sombra
no vento que se cala
repito versos na madrugada ensolarada
e me dispo
xingo
insisto
há uma úlcera que não cicatriza no íntimo
e insisto
minto
vaporizo
fraticidas sonhos se lançam no caminho
silencio

insisto
escandalizo
deus sem barba no vazio


silêncio que grita

abrindo minha barriga ao meio

e me calo

                                               me calo


                 me calo


         me calo...

              
                             

pra quem calou

sem medida exata do sentimento
da balança que te fez perpétuo

um CALA-SE 

vivo quente e sem graça!!


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