sábado, 31 de agosto de 2013

EXPOSIÇÃO NA CASA DA GÁVEA

Abaixo as fotos  do Sarau da Casa da Gávea ( Rio de Janeiro) que é coordenado pelo ator Paulo Betti e pelo jornalista Paulo Maia. Meus quadros foram expostos no evento que contou com a participação de músicos como Jards Macalé e Ava Rocha, filha do grande Glauber Rocha:








terça-feira, 27 de agosto de 2013

DIEGO EL KHOURI ME CHAMOU DE BARDO EDU PLANCHÊZ




(Por Edu Planchêz)

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Diego El Khouri
me chamou de Bardo Edu Planchêz,
se sou Bardo, sou um Bardo de astros
comandados pelo Bardo Bob Dylan,
pelo Bardo Caetano Veloso,
pelo Bardo Dylan Thomas,
Manoel de Barros, Jorge de Lima,
Torquato Neto, Murilo Mendes,
Lautréamont, Allen Ginsberg,
Willian Blake, Mário Quintana,
Jorge Luiz Borges, Fernado Pessoa,
Ana Cristina Cesar, Rosa Kapila,
Rimbaud, Glauber Rocha...

O que faz um Bardo nessa Terra?
Constrói e destrói mentes,
compõe com as pássaros dos Mestres
canções galáticas,
desfaz e provoca guerras,
revira os pensares do mar
dos abismos,
desce ao mais subterrâneo inferno,
mergulha por inteiro nos céus
das catacumbas,
rasga as roupas, rompe a pele,
destroça os ossos
e sobe nas linhas do nada
para nada

sábado, 24 de agosto de 2013

SARAU DA CASA DA GÁVEA

A convite de Edu Planchêz, poeta e vocalista da banda Blake Rimbaud (www.reverbnation.com/blakerimbaud), estarei expondo meus quadros dia 27 de Agosto, terça feira (20 h) no Sarau da Casa da Gávea ( Rio de Janeiro) que é coordenado pelo grande ator Paulo Betti e pelo jornalista Paulo Maia. A entrada é franca. Contará com o show da banda mais a filmagem e fotografia de Jorge Ferreira, além de outras atrações.

endereço:  praça santos dummont , 116, gavea, em frente ao hipódromo






quinta-feira, 22 de agosto de 2013

BUCETA RASPADA OU CABELUDA?

(Por Diego El Khouri)




Pra mim tanto faz com ou sem pelo, mas confesso que sempre preferi a estética sem máculas. Prefiro a beleza ausente de subterfúgios. Essa ideia de beleza implatada de cima pra baixo não me agrada. Um padrão criado, inventado e a todo momento transformado por um bando de bichas que querem cabides humanos desfilando em desfiles do que mulheres gostosas cheias de charme e sensualidade. Como dizia Bráulio Tavares em seu "poema da buceta cabeluda", é muito bom os "pêlos barrocos, lúdicos, profanos" da buceta cabeluda, a buceta "misteriosa, sonâmbula, " bela como uma letra grega", "é um tesouro", que "me aperta dentro, de um tal jeito que quase me morde". Viva os pelos pubianos e a bunda cheia de celulite!! Viva a buceta livre das amarras impostas pela  mídia! Viva os desejos sem patrulhamento moral! Atravessaremos a última porta da consciência sem as travas que o poder nojento do capital nos impõe!! Não precisamos de marionetes nem manipuladores!


Abaixo o link do ensaio fotográfico que me inspirou a discutir esse assunto:

http://retalhosdeexistencia.wordpress.com/2013/08/15/a-doce-frescura-do-pelo-alheio/

E o poema do Isaac Soares de Souza inspirado nesse meu texto segundo o autor:

A BUCETA

Puta que pariu, a beleza padronizada e ordenada
Enceta agora um ultimato a buceta da minha amada,
Querem que ela seja inteiramente raspada,
Sem os pelos que a circundava
Mata virgem que eu explorava
E cujo clitóris minha sede estancava
Os pelos da buceta da minha amada
Expunham a minha libido
E minha língua lasciva perscrutava
Aquele talho de carne rosada
Fonte cheirosa em que eu me deleitava
Posseiros do padrão desmataram a floresta
Da minha amada, estuprada, vilipendiada,
E agora resta apenas a fenda
Ainda estupenda
Em que eu me meto
Querem impor a buceta da minha amada
A força e ordenada, que ela passe a fazer uso
Desse verdadeiro abuso
De apenas um bigodinho de Hitler
Que acinte
Desrespeito para o meu pinto
Que prefere o aconchego de um labirinto
Cercado de pelos
Em cuja caverna vezes incontáveis sofri espasmos
E seguidos orgasmos
A buceta da minha amada me come
Me consome e me dá mais e mais vida
Eu não como a buceta da minha amada
A buceta da minha amada é que me come
Esse território cercado de pelos
É propriedade minha
E nenhum invasor poderá impor
Neste paraíso sagrado a sua vontade
A buceta da minha amada é uma gruta de santidade
Pois gera a vida em sua continuidade
A mulher é a buceta do universo
Assim como dizia Raul Seixas
Não permitirei que a buceta da minha amada 
se desvencilhe de seus pelos
cujas madeixas
são a proteção do meu falo
Quero os pelos na buceta da minha amada.



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E para quem quiser ver a entrevista que fiz com esse poeta, escritor e amigo pessoal de Raul Seixas, que inclusive teve uma parceria musical ainda não gravada e inédita com a canção "Mulher", só acessar esse link:


http://fetozine.blogspot.com.br/2013/08/isaac-soares-de-souza-e-o-retrato-de.html

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

SENHOR E SENHORA CICHETTO

Abaixo um desenho que fiz chamado Senhor e senhora Cichetto. Desenho que surgiu após ler um poema do Luiz Carlos Barata Cicheto chamado Tempos Grossos. 
(Diego El Khouri)





Eis o poema que me inspirou tal trabalho e abaixo o comentário do Barata sobre o desenho. Achei interessante sua observação:


 Tempos Grossos

(Por Luiz Carlos Barata Cichetto)

Grossos tempos estes, em que o rabo abana o cachorro

Em que o pedido de um cigarro é um pedido de socorro
Que as ruas estão cheias de merda, de sangue e urina
E o importante é a vaidade, o dinheiro e a purpurina.

Grossos tempos estes, dos olhos borrifados de pimenta
Tempos coloridos artificialmente com balas sabor menta
Em que ruas estão cheias de estudantes iletrados e burros
Pichando contra a parede e contra o vento dando murros.

Que tempos grossos são estes, do controle da existência
Da morte infantil e do aborto como forma de resistência?
Tempos em que precisamos da legislação sobre o viver
E em que a morte é uma desculpa de nosso sobreviver.

Enfim, que grossos são estes tempos, de ódio disfarçado
De igualdade falsa, desigualdade real e ócio desgraçado?
Tempos das esmolas santas e do futebol que mata a fome
Em que pessoas não existem, apenas uma foto e um nome.

14/06/2013

Percebo nessa imagem uma raiva e uma ira que nem eu mesmo acredito ter. Creio que tua visão, à "luz" do poema, te fez mostrar-me que realmente sou. Falo de espelhos, falo muito de espelhos, e agora, quando olho minha imagem "refletida" pelo seu espelho, percebo que muito mais do que a tola imagem invertida de espelhos, nesse quadro há a realidade. Uma espécie de O Retrato de Dorian Gray, que não reflete a vaidade, mas a real face do "dono". Por outro lado, os olhos de Izabel Cristina Giraçol Cichetto, refletem a doçura e profundidade nunca compreendida. Os olhos grandes, que perscutam, em silêncio, o mundo. (Luiz Carlos Barata Cichetto)

Acessem também o blog http://elkhouriartes.blogspot.com.br/ 

sábado, 17 de agosto de 2013

JANELAS EM RUÍNAS



As baratas cinzas da ignorância dançam e rebolam perante paredes calcificadas de merda. Antes respondia e falava, agredia, xingava, berrava em escândalos de poeta criminoso e bandido que sempre fui. Um bodisatva sempre rodeado de mulheres (que me davam de comida e bebida, um corpo leve, algumas carícias em partes baixas ausentes do mundo), festas homéricas, polêmicas em recintos repletos de políticos idiotas, nudez em palcos abertos... O silêncio veio e me tomou de assalto. A virada da vida fatiando meus membros. Não devo nada a ninguém. Emagreci 10 kilos em um ano, adoeci meu estômago, o estresse acumulado me chicoteando em elétricas descargas de convulsão... Se soubessem de toda verdade. Fui eu que cuspi no oratório de deus e rebolou em missas de sangue...? Meus olhos se abriram mesmo com tantas janelas fechadas. mandar "tomar no cu" seria uma fome compensada em porrada. Não tenho mais saco pra briga... Estou construindo uma bomba tão potente que não precisará que janelas se abrem... derrubarei todas sem dó nem piedade como deus onipotente que sou. Um deus sem passagem fixa em nenhum canto da imaginação febril.

Em ruínas cada pedaço é um coração que bate.

(Diego El Khouri, 17,08, 2013)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

PELAS BRUMAS ENVOLVENTES


(Por Diego El Khouri) 



A linguagem é um vírus do espaço exterior.
Burroughs

                           I

pelas brumas loucas envolventes
pelo sol que me condena vivo
pela nebulosidade que os dias se afirmam
rasgo minha roupa toda
delicio com o não estar do ambiente
empíricas formas humanas atravessam séculos
com suas caras feias e seus frágeis sexos sem grito e esperma

nauseabundos expoentes cadavéricos  finos
sapateiam na pontinha
bem na pontinha do “bunda lê lê” sonoro chulo
e eu grito a sombra sonora do samba de botequim
arcaico moderno
 palavras sangrentas
palavras febris,
o  penetrante veneno que é a face exposta do poeta - bandido
sem mestre ou discípulo
rebola no cu das atmosferas falidas
(destruir para reconstruir)

“cogito ergo fumo”

a “libação das páginas de poesia”
“no tênue filtro celeste 
de teus espontâneos beijos"
é colagem fixada em espinhos
uma rede fina na praia
bundas passando aqui e acolá
sem medo da censura
política ou moral


antes transgressão rimbaudiana
escândalos em bares, quebradeiras
hoje silêncio na página amarela
miles davis ao fundo novamente
Porgy and Bess (mil novecentos e cinquenta e nove)

minhas asas se partiram,
10 kilos a menos
10 toneladas de estresse


- ontem bebi  e vomitei
mil novecentos altares -

                        II

soy negro de la noche en posición fetal
yo soy la luz de las estrelas,
el calor del sol que sirve de refugio
y la desobediencia fatal de lo absurdo

eu sou pois quero ver em cima
da lua da noite do  teu traseiro
a lua tingida de amor
teu sexo desvairado, mulher,
tuas  pétalas se abrindo
sugando para dentro de ti
a brasa que me faz poeta e bandido

penetro la noche con fiebre

vagina afundando em língua
molhada no amor que se constrói
a cada manhã sorrateira
o meu signo, meu sexo se refaz

ó musa dos grandes  ventos,
éolo te espera de joelhos
no leito, no quarto
nas paredes abertas da alma da carne

do desejo  da  sede da fome da gula

sábado, 10 de agosto de 2013

CONVERSA DE BAR

(Por Diego EL Khouri)

Ontem troquei uma idéia num bar aqui na Freguesia (RJ) com o poeta, escultor e artista plástico Silvio Barros. Cada dia mais percebo que a  arte vive no eterno movimento dos dias que correm do tédio. A banalidade da mediocridade é caminho oposto do nosso pensamento criativo. Sabemos que "através do pincel, orientamos o traço nas cores vivas que bailam desnudas na contradição da vida intensa, na excentricidade delirante dos sentidos e sobretudo na subversão poética dos costumes que é a raiz das artes plásticas no mundo contemporâneo". Posto abaixo novamente o link da entrevista que fiz com ele tempos atrás além de fotos de alguns de seus trabalhos:

http://fetozine.blogspot.com.br/2013/01/entrevista-com-o-artista-plastico.html





quarta-feira, 7 de agosto de 2013

SYLVIO PASSOS E O RAULSEIXISMO

(Por Diego El Khouri)




Mais uma  entrevista a encher de vigor e energia as páginas desse blog:
Sylvio Passos,  o fundador do primeiro fã clube oficial de Raul Seixas, além de responsável pelo LP "Let Me Sing My Rock n'Roll" (1985), entre outros trabalhos. Sylvio conviveu com Raul Seixas por quase 10 anos. Abaixo a entrevista dessa figura viva e atuante do rock n'roll nacional:



Nos conte como foi seu primeiro encontro com Raul Seixas, qual a importância que  teve em sua vida e  o que ele representa para a música brasileira hoje.
 Pessoalmente, olho no oho, foi em 1981, na casa dele no Brooklin, aqui em Sampa. Foi um encontro que afirmo mudou o rumo da minha vida como um todo, pois até alí eu estava me preparando para ser jornalista e/ou psicólogo, mas acabei optando pela defesa do raulseixismo e assim estou até hoje. A importância de Raul Seixas para música brasileira é inquestionável tanto no aspecto musical como no quesito composição e comportamento. Raul é único.


Você é o fundador do fã clube oficial do Raul Seixas. O primeiro fã clube dedicado exclusivamente  a sua obra. Como o "maluco beleza" recebeu essa homenagem?
 Raul vestiu a camisa, literalmente, logo que soube da existência do Raul Rock Club e assim seguiu até seu último suspiro. Foi por conta disso que acabamos superando a relação fã-ídolo. Transcendemos isso e acabamos nos tornando brothers de verdade.

Como era Raul Seixas na intimidade? Era Sexo, drogas e  rock n'roll full time mesmo? 
 Há há há... Eventualmente sim. Mas, no geral, era um cidadão muito preocupado com todos à sua volta, uma pessoa fina e, de certa forma, até meio "careta". Uma figura realmente ímpar. 


A imagem de profeta que a mídia usava e abusava  tempo todo em torno de Raul, fortalecida pelo seu gosto por filosofia e  o conteúdo das letras de suas músicas, o incomodava ou não?
 Raul nunca curtiu muito essa imagem messiânica, em muitas de suas músicas ele deixa bem claro isso. Já o gosto pela filosofia e os mistérios sobre o mundo sempre fizeram parte de sua formação tanto oficial como a autodidata. A música era só uma forma de canalizar essas maluquices todas. 


O que achou ao ver finalizado o filme documentário sobre a vida de Raul Seixas dirigido por Walter Carvalho? 
Adorei o filme, embora muita, mas muita coisa e pessoas tenham ficado de fora. Não é um filme definitivo sobre Raul dada a pluralidade que o envolve. É, sim, a visão de Waltinho sobre o homem e o artista Raul Seixas. O que mais gostei no filme fui justamente a humanização de Raul, tirando-lhe aquela carga messiânica que, infelizmente, ainda hoje muitos fãs insistem em defender.

Quais as bandas que  você tem ouvido ultimamente?
 Nada de novo propriamente. Meu gosto musical é bem variado, vai da Música Clássica ao Trash Metal, passando, claro, pela MPB, Blues, Rockabilly, Jazz, Progressivo e por aí vai. Tudo depende do dia, da situação, do momento. Hoje, por exemplo, tirei o dia para ouvir alguns álbuns do Zappa e do Lou Reed e também os takes da Putos BRothers Band. 


Fale sobre sua participação  na  banda Putos BRothers Band que toca covers de Bob Dylan, Raul Seixas,  além de outros roqueiros e blueseiros nacionais e internacionais.
A Putos Brothers Band (escreve-se com BR maiúsculo mesmo numa referência ao Brasil, aos irmãos brasileiros) não é uma banda cover. É uma banda autoral com composições minha em parceria com Agnaldo Araújo. Nos nossos shows prestamos homenagens aos nossos ídolos fazendo releituras de algumas das músicas que curtimos.


Você é responsável pelo livro  "Raul Seixas por ele mesmo". O que podemos encontrar de novo e diferente nessa obra em relação as demais publicações sobre o roqueiro baiano.
 Bom, o livro-clipping "Raul Seixas Por Ele Mesmo" foi o primeiro livro publicado sobre Raul, nada havia sido publicado antes de seu lançamento em abril de 1990. Logo, todos os outros meio que surgiram após sua chegada no mercado.


Como você vê a presença sempre constante da obra de Raul Seixas espalhada em tudo quanto é lugar, tribos e classes sociais? Pergunto isso porque desde o roqueiro mais fervoroso ao sertanejo mais careta todos gostam ou pelo menos conhecem bastante  as músicas do Raulzito.
Essa é a mágica de Raul, ele não direcionava sua genial metralhadora intelectual apenas numa direção, num único segmento. Raul sempre desejou falar pro mundo, pra todo mundo e ele conseguiu isso com maestria sem igual aqui no Brasil.

Muitas pessoas falam (inclusive no filme é abordado isso) que Marcelo Nova se aproveitou  de Raul Seixas para promover sua carreira. O que acha disso?
 Bobagem. Ninguém se aproveitou de Raul nesse sentido. Nem Marcelo, nem Paulo Coelho e nem ninguém. Quem diz isso é porque tem limitações de visão e não compreende e muito menos conhece (ou conheceu) a complexidade das relações de Raulzito. São apenas conjecturas, e conjecturas são conjecturas nada mais que conjecturas. Logo...


Lobão numa entrevista  disse que conheceu muita banda nova quando rodava a revista dedicada a música independente chamada "Outra Coisa". Essa experiência, contrariando alguns intelectuais, segundo ele, fortaleceu a  ideia de  que muitas bandas boas de rock estão sim tocando por aí em vários festivais pelo país todo, porém sem  espaço nenhum na grande mídia convencional. Vendo sob  está ótica, há algum músico da atual geração  com essa mesma qualidade que Raul possuía de síntese e profundidade ou acredita apenas que vivemos  numa decadência na música brasileira como um todo?
 O mundo mudou. Os focos são outros atualmente. O que noto é que há muito tempo músicos e artistas em geral não captaram essa mudança e vivem o presente com discursos e posturas do passado quando eles mesmos, paradoxalmente, apelam por algo novo. Há que se aguardar por mais algum tempo par ver o que realmente é novo nesse campo. E vai surgir e ficar "velho" muito rápido. Pois é assim que caminha o mundo. O novo nem sempre é digerido de imediato, precisa envelhecer um pouquinho pra depois ser aceito, entende? Então, é evidente que tem muita gente boa por aí fazendo coisas geniais. O que não acho de bom tom é ficarem fincados só nas trivialidades artísticas que sempre existiram desde a invenção da indústria cultural. Tem tudo pra todo mundo e cada um vai em busca daquilo que gosta. Quem fica focado só naquilo que não gosta acaba perdendo muito tempo e se frustrando. Claro que vai se frustrar mesmo e ainda reclama. Se ficasse focado no que gosta, talvez, tivesse algo melhor pra dizer ao invés de ficar só nas lamentações. Se você dirigir seu carro olhando só pro buraco, ele vai cair no buraco. 

Qual foi o maior aprendizado convivendo com Raul Seixas?
Olhar pluralisticamente pro mundo e pra mim mesmo. Nada supera esse aprendizado.


Li algo sobre uma biografia sua. Como está o projeto? Previsão de lançamento?
 Há dois projetos com biografias minha. Uma mais poética e outra mais clássica. Ambas estão em andamento mas sem uma data certa para lançamento ainda.

Seu disco de cabeceira. Aquele som que te acompanha sempre.
Desde garoto ouço uma banda inglesa chamada King Crimson e o italiano Antonio Vivaldi. Ainda hoje viajo muito curtindo ambos.

Pra terminar, você acha que os fãs do Raul Seixas entenderam sua mensagem?
 Não e sim. Porque a música de Raul não é propriamente para ser "entendida", é pra ser sentida, e sentimento nem sempre tem tradução oral, escrita... Fã é fã. Fanático é fanático. Sacou?

abs,

SPassos

terça-feira, 6 de agosto de 2013

CONCLUSÃO

Enfim... cheguei à conclusão. Esse verso "na terra da rua do mangue eu vi meu girassol" é meu mesmo. Tanta coisa escrita que o próprio autor se perde... 

domingo, 4 de agosto de 2013

AFORISMO

(Por Diego El Khouri)

Os dias gastos fazem parte do retalho que servirá ao fim da jornada de veste e abrigo. 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

ESSA NOITE

(Por Diego EL Khouri)

Fui no mercado comprar cigarro e um verso não saiu de minha cabeça um só momento e ainda permancece obssessivamente rondando em meus pensamentos todo segundo: "na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol...". Quem é o autor? Alguém poderia me dizer? Infelizmente não lembro... mas fixou em minha cabeça de um jeito extremamente obssessivo... "na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol, na terra da rua do mangue eu vi meu girassol..."

ESCRIVÃO TRAFICANTE


(Por Diego El Khouri)


Pessoas pensantes pensam
no lar expulso do ventre
na paisagem que nunca se desnuda
no calor intenso dos trópicos
na cara banhada de sangue
dos indigentes na sala nobre do inferno.

Pessoas pensantes erram
na tenra infância dos amores
no destino recortado da aurora
na pintura multifacetada de cores
no leite branco que escorre lento de seus corpos
nos astros azuis que choram
na massificação idiota da mídia
no lado oposto onde ratos vivem.

Agora minha mulher, cabelo amarrado,
de calcinha e sutiã,
faz a comida que alimentará minha alma,
a limpeza que tranquilizará o norte;
no instante derradeiro da lua
ela tece cores bonitas no âmago do meu peito.

O cachorro Pingo, louco que é,
inutilmente tenta foder
e surpreendido fodido é
pela sua estrutura frágil e pequena
- me comovo com  a poeira chata
que lambe seu corpo
nessa jacarepaguá de atribulações.

Canto, uma música baixinha no ônibus
- “como um rato de bueiro, como um gato de calçada" -,
indo para Quinta da Boa Vista
desenhar caras, dentes e pernas.

Sou o escrivão do presente, futuro, passado.
Scarlett O' Hara
que se perdeu na roda da vida.
Amante ardente... muitos olhos
grudaram em meu pênis
e nem em Santo Antônio de Goiás 
quando nu lia meus versos
pude ver minha própria sombra...

“O silêncio é uma confissão”.
O meu se encontrou no ventre do lar
na aparição de pus e sangue
nessa família nojenta que me viu crescer.

Sou pai e mãe do meu destino
deus de braços abertos
cuspindo fel e poesia.

Reconhecemos diamantes
e pedras preciosas
pois, anjos encarnados,
somos diamantes e pedras preciosas
queiram ou não queiram.

Ao lado  a  tia punheteira
que me torturava
enquanto sofria de apendicite supurado
num quarto de apartamento anos atrás.

Edu Planchêz diz 
que temos que ter mais tempo
para adorar as flores
“sentar na calçada sem qualquer preocupação,
saboreando amoras bem maduras...”

Estou sentado agora
num tapete de pregos
lendo “assim falou Zaratustra”
pela milésima vez
fumando o cigarro
que nunca mais fumarei,

pelo menos até a próxima estação
até o próximo limite da dor
até que alguém venha me socorrer
e me entregue todo dinheiro roubado
daquele velinho alí na porta do mercado
empurrando seu carrinho de compras.

Se a sombra vil atravanca meu caminho
por que não colocar o pé na frente
e trazer para dentro de meus olhos
as estradas cintilantes que outrora vi na infância?

Por que também não ferir pessoas
cuspir na porta do paraíso
 mostrando a bundinha pra deus?

Eles sabem muito bem o que fazem
esses padres em passeatas
pela diminuição máxima do prazer...

Estou do lado oposto
disposto a tudo (!)
inclusive a negar o sangue
e o dna que me impuseram
 sem meu consentimento.

Meu pau duro segui firme
e não posso voltar atrás
muito menos beijar as bocas carnudas
das mulheres doentes nas esquinas
grávidas da miséria persistente
e muito menos olhar pra trás e ver a cara 
de parentes que me roubaram tudo 
tudo tudo tudo tempos atrás.

Desconecto o cabo, desligo a tv;
não adianta cuspir sóis se a lâmpada queimou
a intensidade inconsequente
que me ensinou a viver.