terça-feira, 24 de janeiro de 2017

ARGONAUTA DO VENTO

Por: Diego El Khouri

No velho albergue das lamentações
não mais me fixo (não mais)
a vista cansada, por hora fria
recebe no  colo da louca agonia
o "velocino de ouro"
na cauda das "trezentas mil estrelas".

Argonauta do vento do ventre
goiânia/ rio de janeiro/ brasil
as cruzadas dentro da noite
volúpia ardente, "pinturas corporais"
(romper a barreira do som)
The Dark Side of the Moon
para que o sol se abra em folha.

Orfeu no leme, a bússola, a jornada
canto das sereias aos navegantes
aceitando toda a ancestralidade 
que da carne se faz sangue
no ventre se faz orgasmo.

A mulher que amo é doce
carinho escarlate venturoso
que ilumina e aquece
as infinitas percepções
os corações, a "bolsa de sangue"
os alojamentos, os sois
as  paredes aquecidas da alma
que a teia do abraço conduz.

A terra (vernáculo do sol) 
mãos nas raízes
corifeu de pele espetada
anuncia em tom de ameaça
ínvias galerias, arcos da lapa
o perigo, o possível naufrágio 
na busca incensante do eu

Argonauta do vento
 das vestes azuis
cristalizadas na noite 
subalterna dos sentidos
banha-se em rio novo
em novo rito vista-se
molha-se em água-viva
e vira-se para lá (!!)

argonauta do vento voraz
vozes vociferam no ventre vetusto
da cálida manhã.

deuses  lance de dados
mulheres na ilha de lemnos
entranhas desgarradas
lã de ouro do carneiro alado
(budhi/ a luz/ o canto)
espinhos que devoram paisagens
luz frontal do sol
flecha transpassada do guerreiro.

Argonauta do vento voraz
vozes vacilantes venais
serpenteiam, dançam enlouquecidas
Roadhouse Blues
como parto brutal.

Argonauta do vento voraz
vozes viscerais vociferam
"vacinas para as doenças da alma!"

Argonauta do vento voraz
 elétrica poesia banal  
sutra de lótus, boca faminta.

— Nam Myoho Renge Kyo 

— Nam Myoho Renge Kyo 

— Nam Myoho Renge Kyo 

e a jornada não pára jamais...


                ***

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