quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

RETRATOS DA COMPOSIÇÃO

Por: Diego El Khouri

Sinto que a psicodelia ( e tudo comigo funciona através da percepção sensitiva), o impacto em um nascer do sol há uns 4 anos atrás, a experiência espiritual com a ayahuasca em um templo xamânico, e agora sobretudo o meu mergulho no budismo de Nitiren me abriu portas e melhorou meu fazer poético/ visual. Analisando todo esse contexto, vendo as capas dos discos após 1968 (época de revolução radical nas estruturas) até o início dos anos setenta, com aquele acúmulo de cores quentes, predominando vermelho, laranja, amarelo, contrastando principalmente com azul cerúleo, azul hortênsia, preto e sépia, me fez sentir participante desse viver criativo da psicodelia fazendo com que meu trabalho (principalmente nas artes plásticas) tivesse uma cara espiritualista/pagã. E a cadência mítica, sonora, paradoxal do budismo mesclando com as cores da arte oriental, os "desregramentos dos sentidos" rimbaudianos , a vida grega dionisíaca do "carpe diem", são elementos frequentes no meu laboratório criativo. Misto de catarse e percepção espiritual, delírio e racionalidade. A gênese do meu trabalho está no estudo das cores que remetem sim a psicodelia, e os "avanços da revolução juvenil" de Woodstock. Mas isso tudo só foi possível graças aquele espanto maravilhoso provocado naquele nascer do sol, daquela madrugada selvagem e dionisíaca— as cores vermelhas/laranja penetradas pelo azul suave e forte, até findar o vermelho, para em um último momento (como em um orgasmo/ a dança voluptuosa dos amantes) pintar o céu de rajadas amarelo de cádmo claro, branco, por fim o azul, o azul, o azul...

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